19.5.09

Palestrante. Esse ilustre desconhecido.
por Silvio T Corrêa

A cada propaganda que recebo de eventos, conheço novos palestrantes desconhecidos. A febre que já estava, há algum tempo, alta, parece que estourou o termômetro do bom senso e acusou a falta do simancol (http://www.dicionarioinformal.com.br/definicao.php?palavra=simancol&id=3511) na caixa de remédios.

Mas também pudera! Até eu, que já quis um dia ser palestrante conhecido, tenho pensado em retomar a atividade. O pessoal paga muito bem para um sujeito falar durante 2h, quando muito e sem descontar o tempo das “dinâmicas”. Ta certo, tem muito palestrante bom e sério, e esse é o grande problema. Os bons, sérios e consagrados — por serem bons e sérios —, nós já conhecemos. Os bons, sérios e desconhecidos, que renovariam os antigos, ficam misturados à raia miúda ou àqueles que querem participar da festança.

Vamos ser sinceros. Depois que o David (modernoso), ou Davi (do passado), falando errado, ganhou(a) dinheiro palestrando sobre as estratégias que funcionavam para um negócio do porte de uma banca de doces, e que acharam que serviriam para grandes empresas, eu também passei a achar que a minha história de sucesso na construção de uma casinha de cachorro, pudesse render uns trocados se eu a contasse, em palestras, para empresas de construção civil. Infelizmente — para mim, é claro —, elas queriam alguém que já tivesse construído, e vendido, uma quantidade maior de casinhas de cachorro.

A gente acaba, sem querer, sendo cruel, mas não tem jeito. Eu, particularmente, acho um absurdo que as empresas, que não sejam de desportos, contratem o excelente jogador, e profissional, Oscar Schmidt como palestrante. Mas é ainda mais absurdo contratarem alguém. por ser irmão do Oscar.

Meu filho está me avisando, aqui ao meu lado, que vão me chamar de palestrante frustrado. É capaz de terem razão, pois eu sempre quis ser, desde a primeira mini-palestra, em 1992, na OAB/RJ, para o pessoal de processamento de dados. Mas acho que a minha vontade não era tão grande. Afinal, naquela época, não pagavam tanto quanto agora.

O termo palestrante gera 1.450.000 ocorrências, em páginas brasileiras, no Google. A primeira ocorrência já avisa que ela tem os 100 melhores palestrantes do Brasil e convida o Lula pra ser um futuro palestrante. Eu nem gosto dele, mas reconheço que esse sim, tem muito pra ensinar.

Esse texto está tão gostoso de escrever que nem dá vontade de parar, mas infelizmente tenho que sair. Vou assistir uma palestra. “Como ser um palestrante de sucesso, em 10 lições.”

Marcadores: , , ,

5.5.09

Domínio em sala de aula
por Silvio T Corrêa

Definitivamente não é uma coisa fácil ter domínio de sala de aula. Já é difícil em treinamento e palestras, onde existem recursos, normalmente melhores, onde a interpretação faz parte da cena. Que dirá da sala de aula, seja do 1º, 2º grau ou superior?

Dei aula para um curso de Administração de Empresas, que vale a pena comentar.

Comecei com a cadeira de informática, com um pequeno detalhe: não tinha laboratório de informática e eu não podia utilizar o recurso de projeção, pois para a “diretora”, o professor bom dá o recado no gogó, no giz e na lousa — é bem verdade que tem professores que, se deixar, em cada aula é um filme, mas não é disso que estamos falando.

Mas tem mais! Por mais que você seja inventivo, tenha uma fértil criatividade, como dominar uma sala de aula onde a faculdade permite que os alunos – grande parte – levem a prova para fazer em casa? Fica difícil né?

Não, não fica! Ficou difícil pra mim!

Em treinamentos — mesmo aqueles que levam uma semana — e palestras, eu consigo manter o pessoal focado, e olha que não tenho olhos azuis. Mas em sala de aula normal, não tem jeito. Sou um fracasso! Ou pelo menos fui — pode ser que mude em uma nova oportunidade!

Tem pessoas que detêm um enorme “poder” de domínio de classe e sem grandes esforços. Não importa se os alunos são crianças ou adultos de 40 anos. O poder desses professores é irresistível! Certamente você já conheceu algum.

Acho isso fascinante!

Mas o que gera esse “dom”, e será que ele é inato?

Particularmente não acredito que seja algo, exclusivo, de nascença, ainda que possa ter nascido com esse “gene”.

Com certeza é alguém que se preocupa com os alunos, além da sala de aula.

Estou “ouvindo” algumas pessoas dizerem: “Isso não é problema do professor!”.

É sim! É um problema do Aluno, da Família, do Professor, da Escola e do Estado. Cada qual com a sua parte, mas funcionando numa matriz de “interpartes”.

Tem professor que xinga aluno e quer respeito. Tem professor que acha que quando está em sala de aula, está fazendo um favor. Tem professor que acha que ganha mal — e muitas vezes, ganha mal mesmo —, e utiliza como desculpa, para ser um professor medíocre; sem atentar que sendo medíocre, merece mesmo ganhar mal.

Ser professor, público, passou a ser uma garantia de vitaliciedade, e não mais do que isso. Ser professor, público ou privado, passou a ser uma escapatória para a escassez de postos de trabalho, ainda que essa escassez já tenha diminuído muito.

Mas a natureza é sábia!

Alguns desses professores, que foram parar em sala de aula, descobriram lá, a sua verdadeira vocação, mostrando-se exímios mestres na arte de ensinar e educar. E esse binômio, ensino – educação, é visto, mesmo, nos níveis superiores.

Tem professor que acha que sendo “bonzinho” ganhará a simpatia dos alunos, ou que sendo durão e gritando em sala, ganhará o “respeito”. Professor, assim como os pais, precisa impor limites. Ser amigo na hora certa, mas também ser rígido quando precisar.

Peço, de coração, uma salva de palmas aos Professores que merecem esse título; o de Mestre! Não é pra qualquer um!

Marcadores: , ,

28.3.09

94 anos de cadeia!
por Silvio T Corrêa

Não tenho nada, absolutamente nada, a ver com a Daslu ou qualquer pessoa ou organização ligada a ela. Acho que quem erra, tem que se responsabilizar e arcar com as consequências. Acho, mesmo, que não pode livrar a cara de ninguém.

Enfim! Sou um cidadão comum, como tantos outros, que acredita que o ser humano ainda é muito falho; que fica “danado da vida” quando vê os espertos metendo a mão no dinheiro, no meu dinheiro; que acha que a justiça brasileira é muito boa quando interessa.

Não sou de ficar coletando, indiscriminadamente, notícia de revista ou jornal para transformar em mote para os meu textos. Contudo, nesse caso, meus dedos começaram a tremer e coçar e, quando isso acontece, tenho que correr para o computador.

Pois é, foi um baita prejuízo aos cofres públicos brasileiros ― e público, no Brasil, tem sempre um sentido muito abrangente. Um rombo de 636 milhões de dólares. É muito dinheiro? Deve ser! O sujeito briga nos “reality shows” por causa de 1 milhão!

Vai ver que a turma pensou que como era público, eles estariam devendo a si mesmos. Tolinhos!

O pessoal do MST, pinta e borda, ou melhor, arrebenta e destrói, e o que acontece, quando acontece, é pagar uma multinha aqui, uma prisãozinha ali e estamos conversados.

Os políticos roubam, roubam, roubam e roubam e continuam roubando e nada acontece por cima dos panos. Por baixo, a festa deve ser geral! E to eu falando da vida alheia e nem sou político de carteirinha! Tenho que me policiar!

Bem, vamos deixar de brincadeiras sérias e falar das coisas sérias, que até parecem brincadeiras.

Noventa e quatro anos de cadeia porque burlou o Fisco? Até concordo que tem que ser uma penalidade alta, desde que não tenha a única função de servir como exemplo. Mas não poderia, supostamente, ser 5, 10 ou 15 anos de prisão e a obrigação a devolver o que deixou de pagar? Não manjo nada de leis, mas sei observar pesos e medidas, principalmente quando são diferentes dentro de um mesmo sistema.

No frigir dos ovos, o que parece é que a pena é tão extravagante, que dará margens a algum magistrado, ou às leis, de reduzir a penalidade, por bom comportamento, para 6 meses de prisão, e a multa, já estipulada, de 770 mil reais e ponto. Estamos conversados.

Eu hein! Por isso que não gosto de escrever sobre esses assuntos. Esse pessoal é doido!

9.3.09

Lições sobre Empreendedorismo
por Silvio T Corrêa

Fala sério! É muita pretensão eu querer dar lições sobre empreendedorismo. Se bem que todo mundo tem, sempre, uma opinião sobre o assunto, principalmente aquela; “do percentual de empresas que fecham durante o primeiro ano”.

É lógico que é um dado importante, mas é apenas um dado, uma informação, que servirá para alertar o empreendedor, quanto a importância do plano de negócios, de um bom planejamento e de uma boa administração. Não é pra desanimar!

Hoje, esse percentual é de 27%. Se considerarmos que a cada ano, segundo o SEBRAE, 470 mil novas empresas são abertas no país, teremos que 343 mil empresas superam o 1º ano de vida. É um belo número. – [http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL868627-16106,00.html]

Bem, mas não é sobre isso que eu quero falar e, menos ainda, ensinar como empreender. Vou tentar passar um pouco do meu histórico como empreendedor.

Eu, por natureza, sou um sujeito pouco complicado mas tenho a deficiência de ser influenciável — proveniente, certamente, de não saber dizer não. Por causa disso, adquiri um cuidado especial ao falar com as pessoas, quando elas me pedem algum tipo de orientação. Jamais saio chutando o “pau da barraca” e derrubando os sonhos delas, independente de serem, ou não, influenciáveis.

Foi algo que aconteceu comigo mais vezes do que eu queria. Isso, até eu perceber que aquelas opiniões me sabotavam sem o meu consentimento e sem a minha percepção.

Então, cuidado com os palpiteiros de plantão. Eles estão escondidos nos mais cândidos lugares. São, as vezes, parentes próximos; em outras, desconhecidos até. Claro que não fazem, supostamente, por maldade, mas aqui, o que menos importa é o motivo.

Certa vez, quando eu estava em plena produção de textos, há uns seis anos, recebi uma pergunta de chofre. Mas chegou a doer! — Me perguntaram se eu tinha certeza que as pessoas liam os textos que eu escrevia? — Tudo bem, tem um monte de gente que pode até pensar assim sobre os meus textos, mas chega a ser falta de educação, ou provocação, perguntar isso para quem escreve.

Não sei se já aconteceu com vocês, a situação em que você ainda está no início do desenvolvimento de um projeto, seja qual for, mas já o tem, formadinho, na cabeça. Poxa, a gente acaba sentindo a necessidade de contar a alguém. E o faz!

Pra quê?!!!!

Nem bem começa a contar e lá vem SPAM, a interferência não solicitada. “Não seria melhor fazer assim”; “E se você ao invés de fazer isso, fizesse aquilo”; “Ah, isso fica muito caro”; “Hummm! Sei não, sei não!”.

— Pinoia! Eu só queria falar, contar! Só queria um ouvido pra ouvir! Não pode nem esperar eu acabar de contar e já quer dar palpite!

Sim, já dei a sorte de pegar bons ouvidos, e de pessoas com experiência no desenvolvimento e implantação de empreendimentos. Só me ajudaram quando eu pedi.

Então vamos lá!

Se você tem uma ideia nova guarde-a, por enquanto, só pra você. Espere ela sedimentar bem. Vá coletando informações; entrando em grupos de discussão; fazendo uma pergunta aqui, outra ali. Mas fique na sua. Aguarde a sua “força” ser tão grande que ninguém poderá abalá-la.

Se você quer ter um sócio, faça por contrato, mesmo que seja com um familiar muito próximo. Se não tem pessoa jurídica, faça um contrato particular entre você e o sócio. Por motivo algum, tenha uma sociedade sem contrato.

A questão anterior é ainda mais importante, se você entrar apenas com a ideia e/ou a mão de obra, sem o dinheiro.

Não ponha a mão no fogo por ninguém. Estude contabilidade para questionar o seu contador. Estude matemática financeira para questionar a pessoa que cuida das finanças e das aplicações.

Se você quer tentar uma ideia de modo informal, pra testar, tudo bem. Só tome cuidado, pois se ela for boa, vão ficar de olho em você. Tão logo comprove, legalize a empresa. A nova opção de MEI — Micro Empreendedor Individual —, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp128.htm#art3, permite atuar na formalidade.

Manjada, mas sempre verdadeira. “O que engorda o boi, são os olhos do dono.”

Sonhe grande, comece pequeno, mas por favor, comece!

Olho pra trás e ainda vejo tanta coisa que aconteceu e que talvez fosse legal colocar aqui, mas não posso fazer isso. Vai que você seja muito influenciável!

Abraços

Marcadores: ,

25.11.08

Brasil! Eu não desisto!
por Silvio T Corrêa

Ouviram do aparelho de TV, tempos atrás, na sala que ocupava metade do quarto, a notícia sobre a queda da CPMF. Não demorou muito e passaram mantega na pista “que é pra nós escorregar e cair de bunda no chão da realidade”. Logo veio: “Nós vamos retaliar!”

Ipiranga, a estação da CPTM, estava sombria e o trem não chegava. Bem que podia ser um trem internacional. Não! Seria trocar um sapo com barba por um sem. Talvez um trem, exclusivamente, intercontinental!

Às margens da estrada de ferro, os prédios abandonados com as janelas quebradas retratavam, com fidelidade, o sentimento de abandono, de descaso, que tomou conta de quase todos.

Plácidas, altivas e, ainda assim, como que alheias a tudo, no último banco do vagão; duas senhorinhas, da melhor idade, conversavam animadas. Sentei o mais próximo que pude, ainda que soubesse do pecado da indiscrição e da falta de educação que eu estava praticando. Mas precisava saber o que as deixava tão empolgadas e sei que seria mais fácil perguntar. Só que eu estava envergonhado pelo desânimo que sentia.

De um povo heróico, mas cansado de acreditar numa esquerda safada, numa direita sem-vergonha e num centro pior ainda, já ouvi muita coisa desesperada. Até dizerem que o “caçador de marajás” foi uma coisa boa, eu já ouvi! Mas as senhorinhas estavam acreditando na Vida, independente se fosse no Brasil ou em qualquer lugar. Faziam planos e estavam empolgadas para a abertura de uma lojinha de pastéis. Não me contive e perguntei: “Como as senhoras conseguem?”; “Não ficam preocupadas com o mundo e o Brasil que estamos vendo?”

O brado retumbante, veio forte, do íntimo jovem de cada uma daquelas duas senhoras! “O senhor está?”; “Fez, hoje, alguma coisa pra mudar?”; “Viu alguém jogar papel na rua e, reclamou? Ou deixou pra lá?”; “Fez, ao menos, alguma coisa diferente?” — calado continuei. “É claro que estamos preocupadas e estamos procurando fazer o que está dentro do nosso alcance. É o que podemos!” A pergunta martelava: Estou fazendo algo?

E o sol, da liberdade, que rompe os grilhões das prisões internas da alma, mostrou os primeiros raios. O problema maior, não está lá fora. É interno, é íntimo! Eu posso xingar, espernear, socar o ar ou a cara de alguém, ficar com pena de mim, culpar esse governículo que está aí, ou então fazer, realmente, algo que possa mudar, pelo menos, o meu mundo. Não é fácil, mas vale à pena.

Em raios fúlgidos, as duas senhorinhas brilhavam, apontando, não o caminho que eu deveria descobrir, mas a direção somente. Como pode? Estamos assim, tão cegos? Capazes de não vermos o que está à nossa frente? Agora então, com a crise americana, podemos nos esbaldar em motivos onde colocarmos a nossa culpa. É tudo tão negro, e fácil, assim? Eu, de nada valho?

Brilhou no céu, ao escurecer, a estrela da esperança. Esperança de novos rumos! Esperança de novos tropeços, pois os caminhos serão outros! Novos erros e, claro, muitos acertos! Esperança da união; do amor; da boa luta;

Da Pátria, nesse instante!

Marcadores:

21.10.08

A Camisa da Empresa
por Silvio T Corrêa

Acho que foi em 1994, não me lembro com precisão, quando escrevi pela primeira vez sobre a lengalenga de vestir a camisa da empresa.

Tenho percebido que a expressão tem voltado à baila. Pode parar! A camisa que o funcionário, colaborador, empregado, ou o nome que se queira dar, tem que vestir, é apenas uma. A dele!

Só quando ele vestir a própria camisa é que se dará conta que tem que produzir o melhor; tem que atender como se ele fosse o cliente; tem que conduzir o trabalho buscando deixá-lo o mais "redondo" possível pra quem vai dar continuidade; que o seu crescimento pessoal e profissional é responsabilidade dele; de que a historinha do "não sou pago pra isso" é pra quem "ta se achando", mas ainda não se encontrou.

A responsabilidade pela minha carreira, é minha, só minha. Não posso me dar ao luxo de ficar aguardando a empresa bancar o meu desenvolvimento, garantir  minha carreira.

Ah, mas não é difícil entender né! Eu só posso fazer o melhor a alguém quando eu fizer o melhor para mim!

Se eu estiver "fazendo" o melhor para o outro e não fizer o melhor para mim, que o outro comece a rezar pra dar certo, porque senão vou dizer que o problema – e a responsabilidade – é dele. Afinal, se eu visto a camisa da empresa, ela que vista a minha, também. Não estou certo? "Noblesse oblige".

A relação entre funcionário e empresa tem que buscar, sempre, ser profissional. Amizade é entre pessoas e não entre uma pessoa e uma empresa. Isso não existe! Se eu estiver na pior, posso ser amicíssimo do presidente, mas se o conselho da empresa não aprovar, eu que me vire!

Por isso que eu defendo, há 18 anos, acabar com a praga da carteira de trabalho e permitir que a relação entre uma pessoa jurídica e uma física, possa ser regida por contrato particular, sem que precise arcar com impostos astronômicos. Tem que haver mudanças na legislação e não tentar burlar a legislação. Bom, mas isso é assunto legal e estou falando de comprometimento, de comportamento.

Voltando à suada camisa, é preciso acordar e tomar as rédeas da própria vida. Nenhuma empresa quer, na verdade, que você "vista" a camisa dela. Ela quer que você empreenda o tempo todo. Quer que faça do seu trabalho o seu empreendimento. Ela quer que você cresça no seu empreendimento. Que tenha consciência de tudo que ocorre à sua volta. Que faça esse empreendimento crescer. Que seja responsável por ele!

Ela não quer que você "se ache" o dono da empresa, pois você não é! E não vai adiantar chorar as pitangas depois, dizendo que "deu o sangue pela empresa"; que deixou esposa, marido e filhos "de lado"; acumulou férias e "blablabla". Problema seu!

Faça o seu trabalho bem feito, pois o retorno dele é o seu resultado, que faz parte do resultado da empresa; se importe com os colegas; respeite a opinião dos demais; aprenda que você ainda tem muito pra aprender, mas também tem muito pra ensinar e deve ensinar; se ver um faxineiro carregando um monte de tralha, ajude-o a carregar – isto não rebaixará você; assim como você espera receber um trabalho bem feito, para que possa fazer o seu, quem receber o seu estará esperando a mesma coisa; dê o melhor de si, em todos os sentidos, pois a vida é sua.

Se de toda a maneira, você ainda quiser vestir uma camisa que não seja a sua, eu tenho uma para lhe dar e um monte de coisa pra você fazer. Pagamento? Ah, não! Afinal você já está vestindo uma camisa que é minha! :-)

Marcadores: ,

24.7.08

Andando de Bicicleta
por Silvio T Corrêa

Perseguir um sonho, atingir um objetivo, executar um empreendimento, é como andar de bicicleta. Em 9, de 10 vezes, caímos! Mas na décima, pedalamos por quilômetros!

Você, certamente, aprendeu a andar de bicicleta como a maioria de nós. Alguém de confiança, o nosso mestre, segura o selim — banco da bicicleta —, enquanto você pedala e tenta manter o guidon, que teima em balançar, reto. A bicicleta joga pra lá e pra cá, mas a mão firme do nosso guia nos mantém na direção correta.

Tentamos, sozinhos, pela primeira vez. A bicicleta balança como se tentasse nos jogar ao chão. E consegue! Não podemos desanimar! Recomeçamos e (...) caímos novamente. E novamente! E novamente! Até que, quase por mágica, ela fica mais firme, balança, mas não cai! Estamos só, por nossa conta.

Ah! Que sensação de liberdade sentir aquela brisa leve batendo no rosto! A roda da frente ainda trêmula, mas seguindo em frente, avançando, prosperando na nossa atividade de pedalar, de "andar de bicicleta".

Cada um de nós leva mais, ou menos, tempo para aprender a andar de bicicleta. Tem que ser assim, pois somos diferentes, com anseios diferentes e dificuldades distintas. Enquanto Oscar Pistorius, de 21 anos, dá um show com suas pernas de fibra de carbono, tem gente, e gente muito boa, que com 60 anos ainda não aprendeu a andar de bicicleta. Mas continua tentando!

É isso que não podemos jamais esquecer! Não somos melhores ou piores; somos nós apenas! Sou eu, é você, é ele! Cada um com o seu tempo, com a sua história. Precisamos entender a nossa realidade; trabalhar junto a ela e não ficar contra ela!

Continuamos caindo da bicicleta? Não tem problema! Não parece, mas estamos aprendendo a cada tombo. Já conhecemos cada buraco, cada paralelepípedo solto no caminho. Já sabemos que não é nada fácil, mas não iremos desistir!

Os pais, irmãos, colegas nos cobram muito. O mundo nos cobra muito! E é bom que seja assim! A gana que essa cobrança gera, é combustível para avançarmos.

Não existe receita para aprender a andar de bicicleta e muito menos para tornar-se um ciclista campeão. Existe perseverança, existe choro, existe raiva, decepção. Mas existem alegrias, existem pequenas e grandes vitórias — que devem ser comemoradas.  

Definitivamente, andar de bicicleta é uma atividade complexa, mas todos tem direito a ela.

Se por acaso disserem que nunca aprenderemos a andar de bicicleta, não ligue pois este nunca será capaz de segurar um selim e exercer a função de mestre.

Escute o
Papo do Bastidor

Marcadores:

12.6.08

A casa da mesa tombada
por Silvio T Corrêa

Bem no alto — assim parecia —, no topo da colina do Esqueleto, ficava a Casa da Mesa Tombada. É verdade que antes dessa história, que agora conto, era apenas a casa do eco. Fui lá bisbilhotar, pois parecia vazia por dentro e pelos quatro lados. Apenas o lago à frente, enchia na época de chuva. Achei que perigo não teria.

O portão, de ferro pintado, descascado pela intempérie, deslizou suave quando o empurrei.

Era uma casa estranha! Tal qual sendo expulsa pela terra, as paredes subiam, como se quisessem sair dali. Existiam frestas entre o piso e a parede. O chão, de um branco desmaiado, imprimia a sensação de que sempre foi sujo, ainda que ao toque do dedo, não tivesse uma única poeira.

— Casa estranha! Parece habitada! — pensei.

— Alô!

— Alô! — Hihihihihihihi.

— Tem alguém aí?

— Tem alguém aí? — Hihihihihihi.

— Esqueci! A casa do eco! Mas e o riso de criança? De onde vem?

O mofo subia pelas paredes, deixando a casa úmida, com cheiro de terra velha e molhada. Em alguns pontos do piso, pequenas depressões, provocadas pelas goteiras que pingavam ... pingavam ... pingavam ...

Subi ao segundo andar. Manchas negras nos tetos, indicavam o avanço da umidade e da deteriorização. Meias espalhadas, roupas amontoadas. E o som do riso de criança. "Parece que vem de fora — pensei!"

Com cuidado fui descendo a escada coberta de limo. Do degrau do meio, eu avistei! Uma mesa tombada! Três pernas onde deveriam ter quatro! Tombava, mas não caía! Como se um pé invisível calçasse aquele lado da mesa.

— Que coisa estranha!

— Que coisa estranha!

Do lado da mesa, um animal amarronzado, com enormes orelhas, lembrava uma hiena que não "ria". Eu, muito menos!

Nada, nenhum fio escondido, nenhum apoio! A mesa tombava mas não caia! "Que equilíbrio será esse? — falei comigo."

A criança ria, a parede chorava e o teto lacrimejava. O animal marrom balançava o rabo.

A porta dos fundos rangeu quando a abri. Procurei, na área de serviço, um pedaço de madeira ou alguma coisa que eu pudesse utilizar como o quarto pé daquela mesa tombada. A situação me irritava de uma tal maneira! Eu precisava pensar! Precisava fazer algo!

Do ponto em que eu estava, nos fundos, a casa parecia tombar para o outro lado.

— Será que é isso que está causando o equilíbrio da mesa?

— ... da mesa?

Àquela altura, eu me sentia tombado! Parecia que tudo estava num equilíbrio muito delicado. Qualquer movimento mais brusco faria aquele estranho sistema ruir. O riso de criança, agora lá fora, claramente, parecia estar mais vigoroso.

— Mas como poderia não ter percebido esse tênue equilíbrio quando estava fora da casa?

— ...  da casa?

Dizem que quem está fora, consegue ver tudo diferente e as soluções parecem ser mais fáceis. Então, eu precisava sair.

Eu precisava sair da casa ou ruiria junto. A perspicácia, naquele momento, era uma competência fundamental. Não poderia me deixar envolver por aquele falso equilíbrio. Tudo balangava perigosamente. Lá fora, tudo parecia estar em ordem. Dentro, as cenas eram velozes, fugazes, frenéticas!

Alguém, do lado de lá, de fora, precisava me ajudar. Mas eu não tinha ninguém lá!

Não podia perder tempo! A casa me mostrava alguma coisa que eu não entendia e não podia, ou não conseguia, controlar.

— O riso? Sim, o riso; a criança! Ela está lá fora! Eu preciso que me ajude!

— Hei! Criança! Criança! — chamei-a.

— ... ança!

Tímida, do lado de fora, além do portão, ela surgiu. A minha criança surgiu! Procurou me ajudar, mas, no início, eu não entendi o que procurava me dizer.

Avançou pelo portão, enquanto gesticulava. Tentava me mostrar alguma coisa! Um caminho! Sim, um caminho! Estava me mostrando como sair dali! O caminho que não perturbaria o equilíbrio.

A criança veio em minha direção, sorrindo e sumiu! Então eu vi a saída! Clara; tão clara que eu não entendo como não a percebi.

Do lado de fora, tudo estava em ordem, em equilíbrio. A casa parecia menos assustadora do que por dentro.

Acho que as vezes precisamos nos distanciar um pouco, para entender o que acontece. O que parece confuso, até insolúvel, quando estamos participando, torna-se mais claro quando observamos, estando afastados.

Acho que aprendi alguma coisa!

Escute o
Papo do Bastidor

9.5.08

Dia das Mães
por Silvio T Corrêa

Eu queria tanto escrever uma crônica sobre a Mãe. Queria escrever sobre a mãe-mulher, a mãe-homem, a mulher-mãe, o homem-mãe! Mas o máximo que conseguia era olhar, as vezes por minutos seguidos, o título que eu já tinha escrito há quase 3 horas.

Resolvi sair, pegar um ônibus e observar. Com o gravador em punho, as pessoas estranhavam um cara, no "meio da rua", falando baixinho para a sua mão. Pensando bem, é estranho mesmo!

Assim que subi no ônibus, a primeira pessoa que vi foi o motorista. Na verdade, a motorista! Fui recepcionado por um sorriso!

Apenas com essa visão, já teria "inspiração" suficiente para falar sobre Mãe. Não sei o nome, mas deve ser Maria. Maria Mãe, Mãe Maria! Tento imaginar o dia de Maria.

Ainda na madrugada, às 4h, Maria levanta. Ao esticar os braços, expulsando a preguiça, toca o rosto do companheiro, que dá um sorriso e volta a dormir. Nas camas, as crianças ainda dormem, pois apesar dos reveses diários, a Mãe Maria está ali, zelando por eles.

No chuveiro, a água gelada do outono desperta de uma vez Maria. Está totalmente refeita, pronta para mais um dia. É dada a largada!

Mesa posta para o café; almoço pronto; uniforme separado. Tudo pronto!

— Bem! Bem! Acorda dorminhoco! Estou saindo. Daqui a pouco é preciso acordar as crianças!

O ônibus chegou no centro e nem reparei! Meus pensamentos ficaram interrompidos.

"Moço, me ajude!", disse um senhor, sem olhar diretamente para mim. O desânimo nos olhos era tão grande que a súplica foi enviada sem direção, buscando atingir qualquer ouvido. — O meu estava atento porque eu estava procurando, mas sei que, normalmente, não escutaria o pedido.

Como deve ter sido o dia desse Pai Maria, dessa Mãe João. Será que dormiu, será que olhou para os filhos, será que olhou para a mulher, Maria Mãe. Ou sera que nem pra casa conseguiu voltar. O que será que passa no pensamento da Mãe João? Será que tem esperanças?

Não tive inspiração! Me senti perdido! Comprei uma quentinha e, quase pedindo desculpas — Sim! Eu me sinto responsável! —, entreguei ao Pai Maria.

A idéia do Pai Maria me sensibilizou. A Mãe vai muito além da Maria ou do João. Ninguém é Mãe porque pôs no mundo. É Mãe porque zela, porque cuida, porque se importa. O filho pode ser Mãe da mãe, o pai ser Mãe da esposa, a esposa ser Mãe da sogra. Mãe é um estado. Cada um de nós, se quisermos, pode ser Mãe. Podemos ser Mãe, até mesmo, por alguns minutos, ao consolarmos alguém, ao levantarmos o astral de um colega.

O dia das Mães passa a ter um significado além. Assim como dizemos que todos os dias deveriam ser dias de Natal, dizemos, também, que todos deveriam ser dias da Mãe.

Deveríamos nos perguntar, todos os dias: Eu fui Mãe hoje?

Marcadores: , ,

2.4.08

Não só o conselheiro
por Silvio T Corrêa

Constantemente paro o que estou fazendo e saio procurando, pela internet, crônicas e contos dos meus autores preferidos. Pois bem! Um dia desses, matando a saudade de ler os escritos de João Ubaldo Ribeiro (¹), de quem sou fã, dei de frente com a crônica "O conselheiro come ... " e suas edições. Fiquei pensativo.

Ora, se o Ruy Barbosa, "O Ruy Barbosa", era alvo dos pidões; se João Ubaldo Ribeiro foi, e ainda é, empanturrado de solicitações "sem custo"; muito me orgulha receber uma ou outra solicitação de um textinho aqui e outro ali, ainda que eu também coma. Mas eu, um pequenino escritor, ainda como também com os olhos e é aqui que a coisa pega. Não satisfeitos em solicitar uma crônica para disponibilizar em algum sítio da internet, jornal ou alguma revista, acabam publicando bulhufas e eu, além de ficar sem comer com a boca e com os olhos, fico com uma gastura danada.

Tive um colega, dono de um botequim, que dizia que ele reconhecia, entre os conhecidos, os amigos quando eles iam tomar uma cerveja ou comer alguma coisa. Dizia ele que Amigo, é aquele que quer pagar a conta do que consumiu.

Mas sempre tem né! O sujeito que quer levar vantagem existe em qualquer lugar, em qualquer profissão. É amigo, colega, conhecido, inimigo, parente — esse então! —, vizinho. Gente de todo tipo, raça e credo. E político? Esse nem é bom comentar! Religioso gente, tem religioso querendo, e levando, vantagem!

Ora, contudo não é só de comida e textos que vivem os pidões. O pessoal que canta e que toca tem, também, seus momentos de "non profit", "sem custo", ao atenderem o conhecido pedido de "dar uma canja". A canja (²), por sinal, deveria ser o símbolo mor dos pedidos de "ajuda gratuita" — não estranhem, é pra reforçar o sentido. Também não podemos esquecer do pessoal da informática que, além de saberem de tudo, são sempre agraciados com pedidos de canja. Rapaz, eu ia esquecendo dos contadores e advogados, principalmente nesta época do imposto de renda, que não dá canja pra ninguém ( o imposto). Ia eu esquecendo dos desenhistas.

Pensando bem, não dá pra aliviar ninguém. Acho que todos nós somos, uns mais e outros menos; em certas épocas mais, e em outras, menos; alvos dos amigos pidões, colegas pidões, namorado(a) e cônjuge pidão, parente pidão, agregado pidão e a raça dos pidões de plantão. Acho mesmo que deveria constar no cadastro brasileiro de ocupações, CBO, a ocupação de "pidão de plantão". Deveria existir o dia do Pidão Internacional, pois convenhamos que não é possível que só exista pidão brasileiro. Também não vamos avacalhar!

Então, deixa eu aproveitar o clima e pedir.

Se gostaram dessa crônica, divulguem! Se não gostaram, divulguem também. Só de raiva! 

(¹)
João Ubaldo Ribeiro - http://www.releituras.com/joaoubaldo_bio.asp
O conselheiro come ... - http://www.almacarioca.com.br/cro68.htm

(²)
Conta a lenda que a expressão "dar uma canja", surgiu através de cantores e instrumentistas que tocavam e cantavam por "um prato de canja".

Marcadores: , , ,

19.3.08

Verso do Adverso
por Silvio T Corrêa

(saindo da zona de conforto)

— Ah! Cheguei lá e fui logo procurando pelas comunidades brasileiras!

É comum ouvirmos essa declaração de pessoas que viajaram ao exterior, especialmente para países onde o espanhol — nesse, o pessoal até arrisca — e o português, em especial, não sejam a língua nativa.

O benefício da adversidade, que é o ganho de conhecimento; o exercício da comunicação; a vivência de valores regionais; a troca de informações e o crescimento como ser humano, não ficou nem em segundo plano. Ele não existiu! Ficou perdida a chance de valorizar a própria existência.

Quando geramos contatos, quando participamos de simpósios, congressos e feiras, quando queremos fazer negócio, precisamos procurar nos relacionar com o contrário, buscando o verso do que nos parece adverso, sair da nossa, famosa, "zona de conforto"! Só assim ganharemos bagagem profissional e cultural.

Aliás, não sei se fugir à adversidade, é uma mania da maioria do povo brasileiro, mas somos insistentes nessa característica. Veja só: "Ah não! Aquele ali é muito diferente de mim. Não dá pra fazer negócio com ele!"; "Que chato! Esse pessoal só conversa sobre trabalho! — Você vai a um determinado congresso e queria que eles conversassem sobre o que? —; "O cara é "muito" — ou "pouco" — pra mim. Não vai dar pra conversar!". São expressões corriqueiras, também, na vida social.

Que ninguém se engane ao pensar que quem chega ao topo é porque a vida lhe sorriu, apenas. A vida nos entrega oportunidades e, normalmente, oportunidades adversas. Tem um ditado, verdadeiro para mim, que diz algo parecido com: "A importância de caminhar não é a chegada, mas o próprio caminho." Muito verdadeiro!

São tantos exemplos que a natureza nos dá, mas acredito que o mais emblemático, nesse caso, seja o da borboleta rompendo o casulo adverso. É desse esforço, que suas asas ganharão forças para alçar vôo.

Não adianta procurar receitas, pois elas não existem. Nunca existiram, nunca existirão! Só a experiência do dia-a-dia, lhe trará a experiência e a sabedoria causada pela adversidade. Lhe trará o verso do adverso! 

Só depende de nós!

Marcadores: ,

10.3.08

Se cativas ...
por Silvio T Corrêa

Seduzir, cativar, ganhar a simpatia, é sempre uma atividade gratificante. O convite para o café, o sorriso aberto, o elogio, tudo faz parte do "cativar", do seduzir, e que acontece a todo momento, seja entre colegas, amigos, casais, pais e filhos.

Em comunidades então, é freqüente o ato, mais inconsciente do que consciente, de cativar.

Esse é o grande problema! E que fez com que a citação de Antoine de Saint-Exupéry "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." —, se tornasse conhecida e citada ao vento de todas as direções.

Deixamos de perceber, por exemplo, que ao darmos um cartão de visitas, fazemos uma ação de cativar, de nos aproximar. É mais do que um pedaço de papel que estamos entregando. Estamos dizendo: "Olha, meu telefone está aqui! Me liga!"

Em comunidades do tipo condomínio residencial, é importante o ato de cativar conscientemente. Quando fazemos um bolo, um pão, e levamos ao nosso vizinho, estamos procurando ser cativantes, conquistar a simpatia. Precisamos participar para sermos cativantes e deixarmos que nos cativem.

Quando buscamos cativar, fica implícito que buscamos um relacionamento. Ao chamar alguém pra conversar, pra bater um papo ou tomar um chope, estou, naturalmente, me colocando a disposição pra conversar, pra tomar um chope. Não posso dizer: "Desculpe, eu chamei mas não posso ir."

Não somos responsáveis, apenas, por aquilo que cativamos. Somos, também, responsáveis por aquilo que não cativamos. Se me sinto só, sou o responsável pelas amizades que não cativei.

Tão gostoso quanto cativar é perceber que estamos sendo cativados. É uma sensação muito boa, que massageia o ego e aumenta a nossa auto-estima. E as vezes vem de forma tão inesperada, que nos assustamos e ficamos sem ação, como estatuados.

Então, a ordem do dia é "cativar". Cativar a esposa, a namorada; os filhos e enteados; o colega de trabalho que fica no final do corredor e que nunca falamos com ele; o vizinho, da esquina; o guarda noturno; o vigia e o zelador do prédio; o amigo que não vemos e não falamos há mais de 1 ano; o irmão, que a distância separou. Cativa, cativa sempre!

Eu, da minha parte, vou tentando cativar você.

Abraços

Marcadores:

16.2.08

Atuando em comunidades.
por Silvio T Corrêa

Há décadas as pessoas atuam em comunidades e parece que nada aprenderam ou, então, atropelam os ensinamentos adquiridos e, cegos pela oportunidade do business, esquecem-se que qualquer negócio, financeiro ou não, da amizade ao casamento, da venda de um lápis ao fechamento de uma grande fusão, começa com um aperto de mãos; um "boa noite!"; um olhar; um café; um suco; uma água.

O relacionamento é a chave capaz de escancarar todas as portas à sua frente. Mas também tem a capacidade de trancá-las com sete chaves e mais alguns cadeados.

Depois de 12 anos atuando, como participante ou facilitador; em comunidades empresariais, de negócios ou de discussão; pela web, por e-mail ou até presencialmente, em processos de imersão; e nas mais variadas situações do cotidiano, acabo concluindo que poucos sabem cativar, manter e fazer prosperar  um relacionamento. Quando acontece, e não são poucas vezes, é por obra do acaso, e ainda que tenha igual validade, não foi uma opção consciente. Por opção consciente, me refiro ao desarme, de peito e braços abertos, sem qualquer discriminação ou prejulgamento.

Talvez digam que estou errado, que o relacionamento deve ser algo espontâneo, mas se deixarmos ao acaso, poucos florescerão.

Uma pessoa, por exemplo, não pode agir de uma maneira em uma comunidade, de outra maneira em outra comunidade ou ainda, ter comportamentos diferentes no ambiente virtual do ambiente presencial.

Em qualquer comunidade, quando chego, no mínimo me apresento para que todos saibam que estou ali e quem sou eu. A partir daí, é participar, pois não dá pra criar um relacionamento ficando escondido atrás da pilastra, ouvindo — ainda que possa estar aprendendo —, a conversa dos demais.

Claro, sou à favor de "cada um na sua", no seu tempo, na sua opção! Sei que existem os mais tímidos, os que se sentem acuados por motivos variados. Existem também os mais afoitos, que entram "de sola". Existem todos os tipos de figuras, em qualquer comunidade. No entanto, se você pretende crescer, criar coisas novas, através de uma comunidade, não pode ficar apenas absorvendo o que ela oferece. É preciso que seja, também, doador; doador de conhecimentos, doador de informações, doador de dúvidas. O crescimento da comunidade, acredite, também depende da sua doação.

O relacionamento sempre foi algo fantástico e ficou ainda mais após a internet. Ao mesmo tempo que a rede ampliou as possibilidades, permitiu, oferecendo o escudo do anonimato, que as pessoas disponibilizassem um lado, reprimido pelas regras de comportamento em sociedade — necessárias à nossa evolução como seres humanos —, mais "toma lá da cá" e "bateu, levou", sendo as respostas, as posições, colocadas de pronto, sem qualquer ponderação.

Com o tempo esse comportamento foi modificando e começou a ficar entendido que o ambiente virtual, na questão comportamento,  é muito pouco diferente do presencial. Ao contrário, é mais difícil! Os cuidados precisam ser redobrados, tanto por parte do emissor como por parte daquele que recebe a mensagem. Não temos todos os sentidos trabalhando e a imaginação pode voar longe, nos levando à equívocos.

Bem, o assunto é longo e tanta gente já escreveu sobre ele, que eu paro por aqui.

Esteja em Paz!

7.3.07

Geri(a)ndo Conflitos
por Silvio T Corrêa

Há muito tempo, primeiros anos da década de 80 - "século passado" - , no início da minha vida como engenheiro, conheci Deni. Na verdade, Denerval Valente. Gente boa na maior parte do tempo, mas um sujeito complicadíssimo.

Deni adorava um conflito e era um "craque" quando o propósito era "criar um". Dizia que o conflito o ajudava a conhecer as pessoas!

E Deni exagerava! Com raciocínio rápido e bom nas palavras, pressionava as pessoas, as "imprensava na parede", as deixava sem saída, quando então, humildemente, abaixavam a cabeça e saíam.

Eu dizia pra ele, mais ou menos, assim:
- Deni, toma cuidado! Sobre pressão, as pessoas são imprevisíveis!
- Que nada Silvio! É bom pra elas, levarem uma prensa de vez em quando. Tornam-se mais vividas!
- Você está descarregando os seus medos, as sua frustrações, nessas pessoas.
- Fique tranqüilo! Está tudo sobre controle.

Não foram raras as vezes em que "peguei" Deni chorando, tamborilando nervosamente na mesa e, até mesmo, dando soquinhos na parede. Era claro, pra mim, que muitos "monstros" internos estavam à solta fazendo Deni, pressionado internamente, espirrar para cima dos outros.

Esse é um dos principais pontos da Gestão de Conflitos. Não adianta querer solucionar os conflitos interpessoais, se não resolvermos os intrapessoais, os nossos conflitos internos, que nos amedrontam, nos deixam ansiosos, nos deixam sem enxergar uma saída.

Somos "ensinados" por nossos pais, professores, irmãos mais velhos, tios, ídolos que reconhecemos, até os dias de hoje. É um processo ininterrupto! Junto, temos a criança que fomos; dócil, rabugenta, introvertida, extrovertida, expressiva, com sentimento de culpa, sem saber perdoar, desconfiada, reprimida ou submissa.

Esse conjunto de paradigmas, preconceitos e verdades internas, acabam formando um caminho, um verdadeiro Caminho da Roça (expressão utilizada pelo psiquiatra Paulo Gaudêncio), que nos habituamos a percorrer sem prestarmos atenção nas variantes existentes e que abrirão, certamente, novos caminhos de aprendizado.

Contudo, essas variantes só surgirão quando começarmos a enfrentar os nossos monstros. Porque eu devo dizer a mim mesmo que "não devo sentir raiva"? Por que não encarar esse sentimento, observá-lo, assimilá-lo e perceber que a raiva pode ser um excelente combustível para o meu crescimento ou aprender que a raiva, muitas vezes, é um reflexo do meu modo de agir.

Como poderei, verdadeiramente, perdoar alguém que, assumidamente, errou, se não consigo perdoar os meus erros?

Como poderei me sentir tranqüilo, confortável, fazendo algo de bom para alguém, se sempre digo "sim" e depois fico com raiva de tê-lo feito em detrimento ao "não", que eu queria dizer.

Como poderei me tornar um adulto, se não passo por um crivo, aceitando passivamente, tudo que o meu pai interno e a minha criança interna, ditam para mim. Realmente não é algo fácil!

Gestão de conflitos é um vasto assunto pois além do que comentei, tem a "parte aparente" do conflito, que é o interpessoal. A boa gestão de conflitos traz o crescimento pessoal e empresarial.

A Comunidade Net Work BR está patrocinando o evento, beneficente, Espaço PENSARE de Debates, que ocorrerá no próximo dia 13 de março, no auditório do FJE. Eu e Armando Ribeiro estaremos lá, falando sobre o assunto Gestão de Conflitos e debatendo com a audiência, buscando o crescimento de todos nós.

Você é nosso convidado. Pegue o seu convite. .

Até a próxima.

20.7.06

Palestrante ou Palestreiro
por Silvio T Corrêa

(a idéia desse conto/crônicafoi tirada dos debates que ocorrem na Comunidade RHLista)
O convite é auspicioso! Impresso em cores, em forma de folder, divide os assuntos e os faladores do evento em páginas com guias coloridas, que permitem o encontro do tópico de interesse do convidado. Sim, eu disse convite! No entanto ele permite a entrada no evento mediante uma singela contribuição. Para assistir as palestras, bem ... a história é outra, e o preço também. Mas deixemos esses detalhes de preços e pontos menos enobrecedores, de lado.

O primeiro assunto que chamou minha atenção foi o “Agro Business Espacial”. Trata-se de um projeto nacional e como tal, não passa de um projeto! Partindo de uma idéia de um grupo de crianças, seriamente intencionadas na sua tenra idade, um insight, “plim”, surgiu! “Por que não utilizar a experiência da plantação de feijão no espaço, para alavancar o projeto do Agro Business Espacial?! Um projeto genuinamente brasileiro!”

A divulgação do projeto será feita por ninguém menos que o próprio astronauta agricultor, aquele que lançou a pedra, desculpem, o feijão fundamental! É um assunto imperdível! Agricultores, engenheiros agrônomos, investidores e diversos profissionais, do mundo inteiro, são esperados na audiência.

Mas esperem! Não é só isso! Junto com a palestra você receberá, “inteiramente de grátis”, um sensacional “kit feijão”, composto de um saquinho esterilizado, um chumaço de algodão esterilizado e um grão de feijão preto, para que você possa sentir a mesma emoção, ainda que não esteja no espaço, de plantar e ver brotar o feijão fundamental.

Outro assunto, em destaque já na capa do convite, é a “Liderança de Quatro – Arrumando o Meião”. Tal título não causa espanto, já que o palestreiro é um famoso técnico-líder-bonzão, vitorioso no bolso e derrotado no título. Técnicas consagradas como: “não às mudanças”, “sente nos louros”, “liderança paternal”, “o poder dos mitos, mandingas e superstições”, serão agora, desvendadas e apresentadas sob uma roupagem moderna da administração científica do esporte “da bola nos pés”.

O lançamento de um complexo vitamínico será lançado durante a palestra: “Complexo vitamínico de A a Zidane”. O livro, do palestreiro, em queda acentuada de preço, será jogado aos montes para a platéia. Àqueles que conhecem o assunto, dizem que será uma palestra divertidíssima.

Na saída do evento, um lindo meião, com dispositivo automático de enrolar, permitindo que o usuário esteja sempre se agachando para ajeitá-lo, sem se importar com o que está acontecendo, será entregue a cada participante.

Mais três profissionais do esporte, aposentados, vão palavrear no evento voltado para administração e negócios. Devem falar sobre motivação, superação de limites ou algo parecido. Não me interessei por ler a descrição. Meu estômago já estava embrulhado, nem tanto pelos palestreiros e o conteúdo das suas falácias, mas principalmente porque pretendo ser, um dia, palestrante. Pode!!!!!!

21.2.06

Meias Conversas ao Pé do Orelhão
Crônicas do Cotidiano

por Silvio T Corrêa

Pessoal, pra ser sincero, a idéia de fazer essa série de Crônicas do Cotidiano, "Meias Conversas ao Pé do Orelhão", surgiu de uma casualidade, onde tive que ficar embaixo de um orelhão durante uma chuva rápida, daquelas de final de tarde, no centro de São Paulo.

Em certo momento percebi que estava escutando a conversa da pessoa que estava no telefone público colado ao que eu estava. Coisa chata, pensei eu! Além da chuva sou obrigado a ouvir a conversa dos outros! [ leia + ]

20.2.06

O homem que achava que sabia demais
por Silvio T Corrêa

José, homem de reconhecida, e rebuscada, fluência na língua nacional pelos colegas e, diga-se, também por si próprio, tendo em vista a prolixidade com a qual procurava se fazer entender, não era um homem com “papas na língua” e nem nos dedos, como todos que se acham bons oradores ou escritores.

Não cabe porém aqui tecer comentários elogiosos à expressão verbal do José e sim, contar sobre a sua - acho que não erro em dizer - prolixidade cognitiva. O homem era uma mistura de Barsa (que está voltando com força), Lello Universal, Aurélio, Enciclopédia do Carlos Zéfiro e anedotas de alguns humoristas sem graça que fazem da ironia uma ferramenta de acinte e deboche. Mas ora, José também não era perfeito! Estou de novo a me perder em considerações!

José pensava que detinha todo conhecimento, ou pelo menos era o que transparecia, já que não assumia erros, não reconhecia a mínima falha e era incapaz de dizer desculpe! Fosse nos dias de hoje, em plena de era dos relacionamentos, inclusive como base dos negócios, José seria escorraçado. Naquela época contudo, se muito havia para aprender, por todos, sobre os sentimentos de humildade e humanidade, quanto mais por José.

Narcisista do conhecimento e escorregadio como quiabo, José palestrava muito bem sobre os assuntos que lhe convinham em determinado momento, esquivando-se, lúbrico, daqueles que não se interessava ou então, provavelmente, não detinha o conhecimento e precisava de algum tempo para adquirí-lo, fazendo frente a pecha de “sabe-tudo”.

O homem se diz professor e eu fiquei, como diria um alfaiate, amigo meu, “pensando com os meus botões”. Professor de quê? O homem versava sobre todos os assuntos. É bem verdade que em muitas vezes o texto parecia tirado de uma tese de mestrado, considerando a quantidade de referências a autores outros, mas ainda assim, lá estava José marcando presença.

Mais pensativo eu ainda ficava ao imaginar o decorrer de uma aula de José. Eu o imaginava sentado atrás de uma mesa com uma palmatória à sua frente e com filete de líquido esverdeado a correr-lhe pelo canto da boca, esperava o primeiro deslize de um aluno! Nesse momento, José se afoga num misto de prazer e divindade, vibrando ao alto, para que todos vissem e pudessem aprender, a sua palmatória “do saber” e; “senhor do conhecimento”, descia, sem piedade, sobre o lombo do aprendiz, bradando que essa atitude era para o “bem”, para que o aluno entrasse, de supetão, na trilha do saber.

Pobre José! Pensa que sabe! Pensa que conhece! Esqueceu de “amar o próximo”! Arvorou-se de “senhor dos demais”! Certamente não aprenderá nessa vida!

Pobre José! Esqueceu que “o plantio é facultativo, mas a colheita é compulsória”!

7.12.05

As Veias Abertas e Não Exploradas.
por Silvio T Corrêa

As veias, as vias, os caminhos, as opções, as competências ou outro nome qualquer! O nome que se dá, é o detalhe que não faz a diferença. O que acho importante é o pensamento que por vezes invade a nossa mente, quando temos a impressão de que poderíamos ter seguido outro caminho profissional onde teríamos, pensamos, tanto ou mais sucesso.

Mas e a tal da missão, da vocação, do talento! Isso não conta? Não é importante?

Deve ser! Entretanto, não é para ninguém ficar definindo a "sua" missão, vocação ou pesquisar qual o seu talento, baseado somente na opinião de terceiros. Normalmente, esses talentos surgem naturalmente. Não é para ninguém ficar preocupado! Tem que ficar com o olho aberto para percebê-lo!

Outro dia, eu estava pensando em fazer um curso de corte e costura. Sei lá porque me deu essa vontade! Deve ser pela possibilidade da criação e recriação. Acabei me lembrando de habilidades que já tive. Se eu tivesse prestado atenção nelas, os rumos talvez fossem outros.
Lembrei da infância e adolescência. Lembrei da minha habilidade para desenhar e, sem modéstia, desenhava bem! O desenho é uma forma de criação e recriação. Talvez por isso eu goste tanto de escrever.

Escrever não é a única coisa que gosto. Estou sempre procurando formas alternativas de executar algo. Essa história de forma alternativa, acabou sendo o que me induziu ao erro de escolha.
Acho que eu tinha 14 anos, não me lembro bem! Sei que a TV pifou e resolvi tentar consertar. Assim que abri a tampa traseira, vi um resistor - saberia disso mais tarde - com a "perninha" quebrada. Sem saída, por necessidade, juntei a perninha do resistor e "soldei" com pingos de cera de vela. Funcionou!

Por ser um evento que até hoje guardo, com detalhes, na memória, suponho que tenha sido crucial para que eu decidisse, alguns anos depois, fazer o curso de Engenharia Eletrônica, ignorando a verdadeira habilidade que era - ainda é - a arte da criação. Claro, a criatividade pode ser exercida em qualquer situação, mas não foi o caso da engenharia eletrônica na década de 80.
Gosto de cozinhar e as pessoas dizem que tenho jeito para isso. Novamente o foco é a criação e recriação! Gosto de inventar pratos (simples), lanches, sanduíches, temperos. Não acho que tenho tanto talento para cozinhar, que justificasse a escolha de uma carreira de cozinheiro, ainda que essa habilidade tenha surgido, que eu me lembre, por volta dos 16 anos, quando cozinhar não tinha o charme de hoje. Os grandes cozinheiros demonstram essa habilidade muito mais cedo.

No entanto, como os entendidos dizem que estes sinais são indicativos de vocação, de talento, gosto de me perguntar se teria sucesso como cozinheiro.

Acreditem, já fiz dupla com um grande amigo e irmão de coração, na área musical. Gravávamos fitas com as nossas composições - naquela época era muito caro a gravação de um disco (LP) -, participávamos de festivais, mesmo que não tenhamos ganho nenhum e tocávamos na casa de amigos. Certa vez chegamos a tocar e cantar em um conjunto musical, numa cidade de Minas Gerais, Ervália e pasmem, fomos aplaudidos. Daqui só salvo a atividade de criação das composições, pois a habilidade musical, mesmo que não seja próxima de zero, fica longe da classificação “suficiente”.

No início desse texto eu falei sobre missão e juro que eu gostaria de ter a certeza de vários amigos meus, que dizem que aquilo que fazem, é realmente o que mais gostam de fazer. Ainda que muitos não tenham uma missão redigida, com certeza eles têm, de fato, uma missão.
A minha missão deve ser “não ter missão”!

Agora, você não faz idéia do tanto de pessoas que ficam perdidas quando se fala em missão e vocação! Ficam às vezes com certeza, às vezes com dúvidas, às vezes sem rumo. São adolescentes, são universitários, são profissionais com carreiras sólidas e, até, aposentados. Também tive essas sensações e sei o quanto são perturbadoras.

O negócio fica ainda mais complicado quando, querendo ajudar, nos perguntam qual a nossa “visão de futuro” para daqui a 5 anos. Pinóia! Eu não sei onde vou estar dentro de 6 meses! Então me dizem que “assim vai ficar difícil”. O que eu posso fazer? Gosto de fazer várias coisas, e sei que, mesmo com muito a aprender, as faço bem. Mas a única habilidade que consegui detectar e que tenho certeza, é a “criação e recriação”.

Então vejo empresas que não enxergam um palmo diante do nariz, culparem apenas os colaboradores por não atingirem os objetivos quando, na verdade, a empresa, enquanto mentora (supostamente), deveria estar preocupada em guiar o seu colaborador para a função onde ele trouxesse o melhor resultado a ambos. No entanto deve ser mais cômodo aos “líderes” culpar os colaboradores do que assumir a sua (dos líderes) miopia empresarial.

A todos que estão lendo esse texto, acreditem em “fazer o que gosta”. O financeiro é importante; dependemos dele para “fazermos a atividade que gostamos”. Mas tenham em mente que nada supera a realização pessoal e essa, nenhuma empresa, nenhum governo, nenhum plano, nenhum país, conseguirá nos tirar pois é uma conquista guardada no peito, no nosso interior.

Acreditem que podemos superar as diversidades e não parem com os sonhos e as ações. Depende de nós!

1.12.05

Coisas de Casal!
por Silvio T Corrêa

Fofucho, fofucha, amor, amorzinho, chuchu, princesa, príncipe, querida, tesouro, minha deusa, meu rei, pai, mãe ... Coisas de casal!

Quantas palavras teríamos para nomear os componentes de um casal? Dezenas, centenas, talvez milhares! Cada nome com a sua história, com a sua peculiaridade indecifrável ao estranho ao ninho. Coisas de casal!

Quando lembramos o começo da vida de casal, brota aquela imagem que as pessoas pedem que projetemos no início de um relaxamento. Aquela expectativa, aquele tesão, aquele frisson da paquera, do flerte, do bilhete enviado, do olhar maroto. Tudo uma saudade muito doce. Coisas de casal!

O primeiro mês, o primeiro ano, tudo muito marcante, ainda novidade para os dois. Coisas de casal!

A primeira cena de ciúmes é sempre digna de registro. Misto de alegria e raiva por estarem pegando no nosso pé, cerceando nossa individualidade. A reclamação por uma saia mais curta, um decote mais ousado. A cara emburrada por ter ido ao Happy Hour com os amigos e ter chegado mais tarde, com a gravata no bolso. Coisas de casal!

O primeiro, muitas vezes o único, pedido de casamento. Gente! A preparação do discurso para a família da noiva! O coração vem à boca, as pernas tremem, o tropeço nas palavras — ainda que escritas —, o alívio pelo término do pedido, o brinde com o espumante, o orgulho no olhar na ostentação da aliança de noivado. Coisas de casal!

A primeira saída como noivos, as conversas modificaram, ficaram mais sérias, mais comprometedoras. Agora existe um compromisso firmado perante testemunhas. Parece que um gravador foi ligado e arquivamos as promessas, do outro, com uma fidelidade incrível, capazes de serem recuperadas anos depois. Coisas de casal!

O noivo não quer nem saber dessa tal de lista de convidados e os convites, mas a noiva insiste e vence, agora e no futuro. Encaixa fulano, tira ciclano, escolhe papel do convite, tira papel do convite, pergunta à tia, à sogra, à irmã e as dúvidas continuam. Algumas vezes o assunto é resolvido no “mamãe mandou eu escolher esse daqui”. Coisas de casal!

Dia esperado! Dia do casamento! — nem me fale do dia anterior — A certeza do último dia de solteirismo, é lançada como um foguete no nosso rosto ao abrirmos os olhos. As provas intermináveis das roupas ainda não acabaram! Faltam os detalhes finais. Dia cansativo! As lembranças, algumas não confessáveis, começam a brotar, e é debalde o nosso esforço para expulsá-las do pensamento. Algumas lágrimas rolam! Já sentimos saudades da nossa cama de solteiro, da nossa privacidade. Ah! Teremos agora, para sempre, a companhia do nosso amor. Coisas de casal!

Que beleza de lua-de-mel! Vinte e quatro horas, todos os dias, com a pessoas que amo! Foi fantástico! Coisas de casal!

A vida retoma com uma nova dimensão! Agora estamos por nós! A ajuda dos pais, irmãos e irmãs não são acessados mais facilmente. A primeira briga no casamento! A primeira tentativa de “fugir” para a casa dos pais! A primeira prova de maturidade! Temos que sentar e conversar! Coisas de casal!

Nem sempre a geladeira está cheia! Algumas vezes, está totalmente vazia! O pão é o alimento que temos. O Amor é o recheio do sanduíche! Coisas de casal!

O sinal de que o primeiro filho está à caminho! A preparação do enxoval, a ajuda dos avós, dos padrinhos, das tias. O medo do sexo! A desconfiança do outro! O amor pelo filho abençoado e a certeza no vindouro. Coisas de casal!

Primeiro ano, segundo ano, quinto ano! Como o tempo voa! Aniversário de dez anos, de quinze anos. Muita coisa esmoreceu! Pode mesmo o amor carnal reduzir a força, o fraternal se avolumar, o respeito mútuo solidificar. Muita coisa nasceu e cresceu! Coisas de casal!

Bodas! As bodas de prata! Sim, devem sempre ser comemoradas! Não importa se estão juntos ou separados. As bodas de prata comemoram 25 anos de uma história bela, repleta de aprendizados, de alegrias e tristezas, de sucessos e fracassos, de ... coisas de casal!

7.7.05

Reflexões sobre "O que é o sucesso para você?", crônica de Mario Persona
por Silvio T Corrêa

Bem, pra começar, se você ainda não leu a crônica, faça-o agora.

Mesmo que tentemos nos mostrar indiferente, estaremos nos enganando novamente. O Mario fala sobre o planejamento e eu acho que vai muito além!

Passa pela busca que empreendemos, usando a moda ou alguém da moda como referência. Passa pelo olhar para os filhos adolescentes, e não perguntar se ele acha que "eu sou um sucesso", mas sim, se estou tentando tudo que posso, que acredito, para que eles, meus filhos, possam ser um sucesso. Estou falando de amor, de carinho, de honestidade, de humildade, de humanidade e de humor; o resto será conseqüência!

Acho que o Mario, quando fala em planejamento, refere-se a consciência aplicada nesse planejamento. Pretendemos atingir o que realmente acreditamos, o que vai na nossa alma, ou corremos atrás dos sonhos e sucessos alheios?

Não conheci o Sr. Mario Persona, mas tenho certeza que o seu sucesso é a causa do sucesso do Mario Persona.

24.4.05

Palestra motivacional. Solução ou problema?
por Silvio T Corrêa

O ponteiro das horas já avançava um pouco das 22h. Dois amigos, empresários, tinham acabado de assistir uma palestra motivacional e caminhavam em direção ao estacionamento, aos seus respectivos automóveis.

- O que você achou da palestra?
- Ah! Gostei muito! Tem tudo a ver!
- Eu também! Estou me sentindo revigorado!
- Acho que vou contratar o palestrante.
- Você está executando algum trabalho com os seus funcionários?
- Não! É só para dar uma sacudida neles. Acho que estão precisando de motivação.
- Eu ainda não sei. Tenho um programa de desenvolvimento com os funcionários e algumas coisas que o palestrante falou, se encaixam no programa. Quem sabe? Pode ser que eu o chame para conversar.

Esse é um dos grandes problemas das palestras motivacionais! Quando isolada, seu efeito tem a exata duração de uma noite, já que no “dia seguinte” tudo estará igual.

No entanto, quando inserida dentro de um contexto maior, como um programa junto aos funcionários, ela terá peso de ouro e o retorno proporcionado poderá ser muito grande.

Haverá, nos dias, semanas e meses seguintes, uma continuidade do exposto na palestra. Haverá ações para o aumento da auto estima; existirão grupos de estudo de como melhorar os relacionamentos; grupos que discutirão soluções de problemas; apresentação de soluções pelos próprios funcionários; um programa, sério, de sugestões; cursos ocorrerão. A palestra terá agregado valor.

Na manhã seguinte, a primeira providência de um dos empresários da nossa breve história foi emitir um memorando para a média gerência, informando que todos os funcionários da empresa, assistirão a palestra do Sr. X sobre motivação. Terminava o documento informando que a palestra será após o expediente e custeada pela empresa.

Os gerentes não gostaram da idéia, pois havia problemas que necessitavam, urgentemente, de soluções e a diretoria alegava falta de verbas. Decidiram conversar com a direção da empresa.

Sem saída, o nosso empresário decidiu não contratar o palestrante, mas enviar 5 grupos de 5 funcionários, para assistir a palestra. Fazia questão de acompanhar os dois primeiros grupos para ver as reações.

Ao término da palestra, o empresário já não estava tão empolgado como na primeira vez, mas achou que era devido ao dia estressante que tivera.

- Então! O que vocês acharam? – decidiu perguntar já que todos caminhavam em silêncio absoluto.
- É ... foi bom ... deu para dar uma renovada.
- Também gostei, principalmente das piadas.
- Foi uma pena não ter apresentado um “case”, mas acho difícil expor um caso prático de motivação.
- Eu gostei muito da frase que ele disse: “Isso também passará.”
- Foi legal!

Procurou observar nos dias seguintes, algum comentário, alguma reação dos outros funcionários, mas o que ouviu estava muito aquém do esperado.

Na semana seguinte, no dia da palestra, dois funcionários que iriam assisti-la, alegaram problemas pessoais e não puderam ir. Convocou outros dois.

O cansaço do dia a dia, não permitiu que o nosso empresário assistisse toda a palestra. Assistiu alguns trechos, entre um e outro cochilo.

- Gostaram? Então pessoal! Foi bom?
- Algumas piadas eu já conhecia.
- Muito bom!
- Pena que termina tão tarde!
- É, poderia ser durante o dia.
- Estou com uma fome!

Na semana seguinte não foi diferente. Alguns saíram mais empolgados, enquanto outros, cansados.

Culpa de quem? Do palestrante? Claro que não. Ele está fazendo o trabalho dele, vendendo o seu “peixe”. Acredito que as intenções dos palestrantes sejam as melhores. Tentam, realmente, motivar, dar ânimo aos que assistem.

Do empresário? De forma consciente, acredito que não. A intenção é boa. Afinal, quem não gosta de ver seus funcionários motivados ? No entanto, uma palestra motivacional não tem serventia, se não estiver inserida em um programa de médio / longo prazo que objetive resultados duradouros.

Do funcionário? Não! Bom, esse nem preciso dizer porque.

O que fazer?

Preparar um plano. Verificar as pendências urgentes e incluí-las com itens prioritários do plano de ação. Implantar um canal de comunicação entre os funcionários e a direção. Avaliar itens básicos, como salário e benefícios. Se necessário, contratar uma assessoria.

Não adianta esperar resultados a curto prazo, mas se ocorrer não interrompa o programa achando que não é mais necessário.

A decisão da direção tem que ser totalmente consciente. É necessário saber os objetivos que se quer alcançar. É importante traçar metas intermediárias, que facilitem a identificação da necessidade de mudança de rumo no programa.

Nunca foi fácil implementar mudanças, mas os resultados compensam.

“Pare para pensar! Pense muito bem!”

Marcadores: ,

22.4.05

Deixe para Amanhã, o que não precisa ser feito hoje!
por Silvio T Corrêa

O cérebro parece retorcido. O trânsito de informações e conhecimentos, nas vias do pensamento, tornou-se um caos. Os neurônios disparam sinais loucamente, tentando acompanhar o ritmo. Os lados, direito e esquerdo, têm estado com uma tendência centrista, confundindo emoção e lógica em conclusões desconexas.

O movimento dos ponteiros de um velho carrilhão, marcando a hora correta, não condiz com o balançar, em câmera lenta, do pêndulo.

A rapidez com a qual queremos tocar a vida, reflete no nosso ânimo, na concentração, na criatividade, onde tudo, no nosso interior, passa a ter conotação de urgência, urgentíssima. Entretanto, o mundo extra “eu”, continua na sua velocidade normal, relativamente mais lenta, fazendo com que cobremos das pessoas e do mundo, maior agilidade. “Vamos rapaz! Você está muito lerdo!”

A sensação de pressa e de que as pessoas estão cobrando isso de você, seja pessoalmente, por carta, telefone, fax, e-mail ou, até mesmo, por pensamento, acaba em frustração quando, por exemplo, queremos ler um romance, ouvir uma música ou ver um filme. Eu, por exemplo, deixo essas atividades para durante a madrugada, mas as pálpebras insistem em nos levar ao mundos dos sonhos que, incrível, parecem ser projetados em maior velocidade, como que para caber mais sonhos, no mesmo intervalo de sono.

Apesar disso, ainda que saibamos desse mal, nos sentimos culpados e fracassados por não estarmos conseguindo acompanhar esse mundo louco e alucinado que não, apenas, está aí, mas que todos, parecem fomentá-lo! Entramos nesse turbilhão e, mesmo não querendo, acabamos por alimentá-lo. É o círculo vicioso!

Já é hora de dizer não! Não à pressa, não à urgência, não à busca desenfreada do sucesso esporádico (sempre é esporádico!). Vamos dizer um sim à Maria Fumaça, à caminhada sem tempo, à leitura tranqüila e prazerosa, ao final de semana livre, ao crescimento pessoal, à troca do sucesso pela prosperidade eterna, à construção de um livro, ao sonho pelo sonho.

Eu não lembro da última vez em que tirei um tempo, realmente, para mim, só para mim. Um tempo onde, principalmente, eu não esteja me cobrando nada. Um tempo em que, eu faça o que fizer, estarei fazendo o certo, na hora certa, no local certo. Um tempo sem ponteiros, mas que ainda assim, ao final de um dia, me dê a sensação de ter feito o que era pra fazer.

Agora me conta: Há quanto tempo você não é o dono do seu tempo?

Marcadores:

8.3.05

Mulher, eu te amo!
por Silvio T Corrêa

Ah! Mulher, mãe, menina, moça, negra, branca, amarela, parda, pura, inocente, amante, nem pura, nem inocente, da vida, da minha vida, que carreguei nos braços quando nasceu, mas também quando seu corpo, já vergado pela idade, morreu. Que me ampara, me protege, me põe no colo, me chama de meu filho, me chama de meu amor, me chama de amante, me chama de pai.

O que dizer sobre a mulher, que todos, de uma ou outra forma, já não tenham dito?

Talvez, num arroubo de deslumbramento, visualizar o seu dia, o 8, como o símbolo do infinito "em pé". O infinito, onde a mulher, por tantas vezes e por tanto tempo, viu os seus sonhos e seus anseios, lá estacionados. Que, por sua luta, pela persistência, pela transformação dela e do homem, que também liberou o seu "lado mulher", conseguiu tornar, se não uma realidade absoluta, uma realidade mais igualitária.

O infinito como representante do alcance das transformações conseguidas pela mulher, como símbolo da força da humanidade, constituída e construída agora, assumidamente, por homens e mulheres, andando lado à lado, ombro à ombro, em busca de realidades melhores.

Sim! A verdade não é que não saibamos o que dizer, ainda que tudo já tenha sido dito. A verdade é que há muito ainda pra dizer, apesar de tudo já ter sido dito.

Parabéns!

8.2.05

O lado perverso da disputa, do capitalismo, na Avenida.
por Silvio T Corrêa

Talvez digam os capitalistas, os administradores por Harvard, os especialistas, que o importante é o resultado e, naquele caso, resultado significa vencer. É, parece até que os fins justificam as atitudes. Dói ver, que ainda tem gente que pensa assim. [ leia + ]

26.1.05

O Solucionador
(Texto revisto e ampliado - original de 11/2000)

por Silvio T Corrêa

Não, não é um cargo, tampouco profissão. No mercado de trabalho ele é inexistente, ainda que tenhamos, de fato, diversos profissionais exercendo a função. É polivalente. Hoje em dia, quando alça vôo solo, é também conhecido como empreendedor.[ leia + ]

20.1.05

Cês pensam que sou trouxa?
por Silvio T Corrêa

Saimon, batizado assim em homenagem a dupla Simon e Garfunkel — Garfunqueu, gêmeo de Saimon, desencarnou nas mãos da parteira — é do interior do Rio de Janeiro, e ontem, ligou para mim, desesperado!

— Alô?! É o Saimon, do Rio de Janeiro. Lembra de mim?

Como eu poderia esquecer! Saimon, roceiro, tendo freqüentado até o segundo ano do (atual) ensino fundamental, tinha idéias de deixar qualquer profissional boquiaberto. Autodidata convicto, Saimon aprendeu o que sabe, e sabe muito, pedindo aos moradores da cidade onde mora, livro, de qualquer tipo, que ele devorava, como um errante no deserto ao deparar-se com uma fonte d’água.

Três coleções, recebidas da prefeitura, eram muito importantes para Saimon: A Coleção de Matemática, que abordava até o terceiro ano científico, incluindo noções de derivada e integral (esse sistema é anterior a reforma do ensino); a Coleção de Português e Literatura; e a Coleção de Engenharia e Administração. Desse modo Saimon, ainda que com seu jeito roceiro, tinha um conhecimento muito grande.

— Oi Saimon! Claro que lembro de você! Como vai? Como vão todos?

— A saúde vai bem, mas o resto, não vai não senhor.

— Então me conta Saimon!

— Tão dizendo que o salário vai subir pra 300 reais e eu estou encafifado com isso!

— Por quê? Não é bom?

— Não é isso. Tenho lido algumas revistas que o patrão compra e não tenho gostado do que tenho lido.

— Explica melhor garoto!

— Tem uma revista que noticiou que o governo, em que eu votei, vai aumentar o salário dos deputados federais, de 12.800 para 19.100 reais por mês. São 49,22% de aumento, contra 25% no meu salário.

— É, eu entendo. Mas você tem que ver ...

— Não, eu não tenho que ver nada. O senhor quer ver. Escuta só: Cada deputado, por causa de um conchavo com o governo, vai poder contratar 25 funcionários, utilizando uma verba de 45.000 reais por mês, que era de 35.000 reais.

— Mas Saimon, eles precisam de funcionários pra ajudá-los.

— Ué! Não criaram o ProUni! Por que não criam o ProDeputa! Não precisarão mais contratar parentes, cachorros e periquitos. Vão poder contratar profissionais gabaritados.

— Que isso?! Calma Saimon!

— Programa de Assessoria de Deputados para Todos. Fico preocupado é que se o Itamaraty dispensou a fluência na língua inglesa para os candidatos do Instituto Rio Branco, que atuarão em Relações Exteriores, imagine o que o governo não vai dispensar para os candidatos a assessores de deputados, que participarão, se aprovados no concurso, de um banco de dados nacional, que suprirá o ProDeputa.

— Saimon, você está exagerando! Sempre foi assim! Mudar?

— Sim, mudar! Mas precisamos ser... como é que é ... uma palavra que está muito na moda usá-la ...

— Pragmáticos?

— Isso! Precisamos ser pragmáticos, agir, ao invés de ficar apenas reclamando.

— O que você vai fazer!

— Reclamar, falar, apontar o que acho errado, dizer que errei ao votar no PT. Dizer que ter sido revolucionário, ter sido preso, ter combatido a ditadura, ter sido metalúrgico, não ser formado, ter sido pobre, não confere a ninguém, certificado ou direitos de fazer o que bem entende; de se achar dono da verdade, de tentar manipular as pessoas, enganar as pessoas.

Dizer que dar cotas para negros, brancos, amarelos, vermelhos, rosas-choque; que estudou em colégio público, particular, católico, evangélico, presbiteriano; que é pobre, rico, muito pobre, paupérrimo, milionário; não resolve problema nenhum, porque temos ensino gratuito para todos. Precisa é melhorar essa porcaria de ensino que está aí. Temos tantos pensadores da educação e ninguém resolve o problema!!!!!

— Nunca vi você com tanta raiva, Saimon!

— Não é só raiva! É a desilusão, é a sensação de ter sido enganado, de entender, finalmente, que eles estão pensando: “Lá vai o Saimon, o roceiro bobo que acreditou em nós!”. É ver amigos meus, desempregados porque as empresas dizem que o governo aumentou os tributos. É ver um monte de gente reclamando para o espelho, mas sem colocar a boca no trombone. É ver as pessoas, reclamando na mesa do bar, mas ninguém sobe na mesa para gritar a plenos pulmões:

“Cês pensam que sou trouxa?”

10.1.05

Os 4 H.
por Silvio T Corrêa

Sei que no título do artigo, deveria colocar "hh", plural de h, indicado graficamente. Mas achei tão feito, tão feio, que preferi incorrer no erro. Por favor, desculpem-me!
Hoje, em especial, quero falar do Humor. Do Humor que renova esperanças. [ leia + ]

5.1.05

O que estraga esse País.
por Silvio T Corrêa

Contestação ao artigo de Kanitz, "A Era do Administrador"

Fiquei passado, totalmente passado, quando li o Ponto de Vista da edição nº 1886 da revista Veja, escrito por um sujeito que um dia conceituei como inteligente, e talvez seja. Mas o preconceito, a ignorância e a insensatez, devem tê-lo tirado do prumo, a ponto de colocar essa visão míope, quase cega, de que apenas o administrador é “bom” para administrar um país ou qualquer outra coisa.[ leia + ]

3.1.05

São Paulo – Rio de Janeiro, uma Viagem.
por Silvio T Corrêa

(...) Com os olhos fechados, o clima agradável e o perfume de dama-da-noite, Cícero começou a pegar no sono. Acordou sobressaltado com a lembrança de que não existia nenhum arbusto de dama-da-noite na rodoviária e muito menos dentro do ônibus. Quando abriu os olhos, a expressão “Meu Deus Do Céu!” foi automática. [ leia + ]

19.12.04

O Dia de Ouvir
por Silvio T Corrêa

Naquele dia, eu senti que acordei diferente. Não era nada mágico ou especial. Um dia como qualquer outro. Mas tinha algo diferente: eu não queria falar.

Tomei um banho e saí à rua. Fiz sinal para o primeiro ônibus que vinha chegando, que por ser domingo, não estava cheio. Sentei na janela e fiquei apreciando o movimento nas ruas que passávamos. Não percebi que alguém sentou ao meu lado e levei um susto quando ouvi: “Bom dia!”

Respondi ao cumprimento com um “Bom dia! Tudo bem?”. Foi o suficiente para aquele homem começar a falar. Contou sobre sua vida, sobre seu trabalho, sobre a família, as insatisfações, as aspirações. Realmente uma história de vida interessante, que me fez sair do lugar comum. De repente levantou-se, olhou para mim e disse, com um sorriso: “Obrigado amigo, por ter me ouvido!”.

Desci do ônibus e comecei a andar por aquela parte da cidade, que eu não conhecia. Uma cafeteria deslocou minha atenção e resolvi tomar um café expresso.

— Esse café está muito gostoso, ou sou eu que estou com muita vontade tomar um café?

— Para mim, está delicioso. — respondi.

A moça começou a contar que teve que sair apressada e não teve tempo de tomar um café. E desandou a falar!

Contou sobre as dúvidas para o exame vestibular, sobre a pressão dos pais para fazer advocacia, sobre o namorado, que ela ainda não havia decidido se era realmente namorado. Contou sobre o trabalho como recepcionista de uma clínica de massagens, frisando bem, que era de fato, uma clínica de massagens, e sobre as desconfianças das pessoas quanto a sua índole. Contou sobre a festa do dia anterior e da bronca que levou dos pais quando chegou na madrugada. Eu só fazia movimentar a cabeça.

Acabou o café, deu um sorriso jovial e me agradeceu, dizendo que estava indo para casa de amigos, estudar. Acabei me lembrando da época do vestibular, o que me fez sorrir e recordar uma série de acontecimentos.

Olhei o relógio e percebi que o estômago começou a reclamar. Com vontade de comer um bom peixe, fiz sinal para o táxi que vinha passando e disse para o motorista o nome do restaurante.

— Esse restaurante é uma maravilha! Tem um delicioso filé de badejo com molho de alcaparras e arroz branco! — disse o motorista.

— Sim, eu conheço, mas há muito que não vou lá.

— Estive lá na semana passada e ...

Comecei a pensar que alguma coisa estava acontecendo. O motorista do táxi desencadeou a falar. Contou desde a época que veio de Portugal, ainda menino, até os dias atuais. Falou mesmo sobre o seu desejo de ter um táxi próprio e poder parar de trabalhar para os outros, pois já não agüentava mais o batente de quinze ou dezesseis horas por dia. Parou na porta do restaurante e me contou. “Normalmente é o freguês que desabafa comigo. Obrigado por eu poder desabafar um pouco!”

Entrei no restaurante e escolhi a mesa mais escondida que havia. Ninguém sentou para conversar e consegui almoçar tranqüilamente. Entretanto, os pensamentos fervilhavam!

Percebi como as pessoas têm necessidade de serem ouvidas. Apenas ouvidas. Elas não querem opiniões, não querem conselhos, só querem ouvidos que as ouçam. Ouvidos que as ouçam com atenção, com interesse.

Elas não querem desabafar e ouvir: “E eu! Você não sabe como é que estou!”, ou “Pois dê graças a Deus! A minha situação ...”, ou então, “Mas também, você procurou.”.

A leveza da consciência de ter auxiliado, um pouquinho, algumas pessoas, foi o suficiente para brotar muita alegria. Entender que precisamos, algumas vezes, nos calar para que outros possam falar, me fez perceber uma nova dimensão no relacionamento.

Hoje, não preciso mais acordar me sentindo diferente. De vez em quando, acordo de manhã e elejo: “Hoje é dia de Ouvir”